Pequenas empresas na mira dos hackers
Era só mais um início de expediente na loja localizada no centro de Maringá. De repente, às 9h40, o sistema entrou em colapso e as informações digitais foram apagadas. Pela segunda vez, em menos de um ano, a empresária Cibele Nagao era surpreendida pelo ataque de um hacker que pedia de resgate R$ 13 mil em bitcoins (moeda virtual), sob ameaça de não liberar o sistema. Isso se o pagamento fosse feito de imediato, porque do contrário, o valor aumentaria R$ 4 mil por dia.
“Não pago resgate, não faço trato com bandido. Se pedissem valor menor, não pagaria”, afirma a empresária, que já havia se recusado a pagar resgate da primeira vez que foi vítima de sequestro virtual, em setembro do ano passado. Na época, o sequestrador pediu R$ 16 mil, também em bitcoins, para liberar o sistema. Como o resgate não foi pago, e sem backup, foi preciso começar do zero.
Em maio deste ano, quando ocorreu o segundo ataque, o estrago foi menor, porque a empresa buscou formas de proteger o sistema. Ainda assim, o transtorno foi grande. Foram horas de trabalho até o técnico em informática restabelecer o sistema. O jeito foi apelar para a velha calculadora. “Além de tudo, tive que pagar multa para Receita porque perdi dados fiscais”, diz a dona da loja, que fez apenas o boletim de ocorrência do primeiro ataque. “Tem que ir à delegacia, perder meio dia de serviço e nada vai ser recuperado”, desabafa.
Segundo o delegado-adjunto da 9ª SDP (Subdivisão Policial), Luiz Henrique Vicentini, solicitar vantagem ilícita ou pagamento em troca da liberação dos dados configura extorsão. Crimes do gênero, considerados complexos, não são tabulados na cidade. A investigação fica por conta do Nuciber (Núcleo de Combate aos Cibercrimes da Polícia Civil), em Curitiba.
Ele ressalta que a polícia só pode agir se houver notificação, “Sempre que há extorsão, pedimos que os cidadãos se dirijam à delegacia para fazer o registro. Assim podemos atuar.”
Cuidados
Por terem menos recursos, pequenas e médias empresas e o usuário comum são as principais vítimas de crimes virtuais. Segundo Clemilson Roberto Correia, CEO da Buysoft, revendedora de softwares e prestadora de serviços na área, para garantir a segurança dos dados é preciso investir em equipamentos seguros e usar softwares originais, além de contratar profissionais confiáveis para fazer instalação.
“Há uma cultura da pirataria. Quando alguém baixa um programa, música, filme sem comprá-lo, isso é aceito. Só que isso não é grátis. Quem permite que um programa seja baixado ‘de graça’ vai deixar de presente um vírus e invadir a máquina depois”, diz.
Além da licença para utilizar um programa, é necessário instalar antivírus. Correia ressalta que os gratuitos não são atualizados com a mesma frequência que os pagos, por isso não são eficientes considerando os milhares de vírus que são “fabricados” por dia.
Guardar dados em nuvem, ou seja, em um computador a distância, é outra recomendação do CEO para deixar as informações seguras em caso de invasão.
Jornal Metro Maringá. Fernanda Bertola.